A porta se abriu. Ela olhou para trás de Jarek e viu que Ivan não estava mais à porta. Jarek entrou, virou-se e fechou a porta. Estava com o olhar firme e tinha olheiras. Ele aguardou com a mão na maçaneta, dando a ela tempo de sobra para fazer objeção.
Estava mais do que nunca parecendo um guerreiro. A postura grandiosa, o corpo rígido, as feições fechadas. Suas íris negras faiscaram, intensas de desejo e, ela pensou com tristeza, de fúria também.
— Bash?
— Depois. — Ele balançou a cabeça, nitidamente contendo a raiva. — Preciso que seja depois.
Ela assentiu e Jarek quase suspirou de alívio. Então, num estalar de dedos, os demônios do passado e do presente voltaram para os cantos escuros de onde vieram. E com eles sumiram as incertezas dele, suas perguntas e suas responsabilidades.
— Não sabia se você vinha. — Lentamente, ela tirou o casaco dos ombros e jogou em uma cadeira. — Que bom que veio.
Jarek se forçou a ficar em pé.
Ela ainda estava com o mesmo vestido do baile. O cetim brilhava à luz da lareira. O tom de esmeraldas líquidas e escuras do vestido fluía pelo corpo dela e o tecido lhe envelopava o corpo como uma segunda pele.
Sarah tirara os sapatos. De onde ele estava, viu as pontas dos dedos dos pés dela escapulindo debaixo da barra do vestido. Lentamente, ela baixou as alças dos ombros e levantou os braços.
— Pare. — A palavra saiu da garganta dele em um tom grave e rouco, vibrando com a força controlada.
— Tudo bem. — Ela já não mais denotava nervosismo na voz, que agora emanava segurança feminina. Caminhou descalça em direção a ele com o vestido se agarrando às curvas, cobrindo tudo, exceto os ombros.
Sarah parou a menos de 15 centímetros de seu corpo. O desejo lhe sombreara os olhos, que agora exibiam um tom turbulento de verde. Ela o absorveu com seus olhos maliciosos e ardentes.
— Vamos fazer isto juntos.
Jarek chiou. Foi tomado pelo desejo, tremor após tremor, e assim ela passou a dominar a situação.
Ela pegou a mão direita dele e levou os dedos aos seus lábios. Gentilmente, beijou cada dobra dos dedos, beijos leves como borboletas que o fizeram apertar a mão e retesar o corpo.
Rindo graciosamente, ela pegou o dedo médio dele e o esticou. O verde de seus olhos ganhou um tom maliciosamente sombrio quando ela introduziu o dedo na boca, lambendo-o por inteiro, sugando, brincando, mordiscando.
O desejo se derramou sobre ele como lava, invadindo-lhe as veias e quase o fazendo cair de joelhos.
— Pronto? — Sem esperar resposta, ela levou os dedos ao coração. Ele bateu uma vez, e duas, sob a palma da mão dela, até que ela pegou as duas mãos dele e as colocou sobre os seios.
Os polegares dele lhe roçaram os mamilos, duros e lisos sob o cetim. Ela respirou mais fundo e os seios incharam.
Como se dotadas de vontade própria, suas mãos lhe desceram o corpo vagarosamente, tirando o vestido de cetim da pele sedosa.
Usando as dobras dos dedos, ele traçou o contorno de suas costelas, das laterais, da delicada concavidade onde se encontravam o quadril e as coxas. Com um só puxão usando o polegar, ele fez o tecido fino cair aos pés dela junto com o vestido. Sarah oscilou o corpo, chegando mais perto, e o domínio da situação se reverteu novamente.
Insatisfeito com a distância entre os dois, Jarek desceu o braço até o traseiro dela e a levantou, apertando-a contra o peito.
— Você ainda está de roupa — sussurrou ela enquanto envolvia o pescoço dele com seus braços e mergulhava os dedos em seus cabelos grossos e fartos.
Ele abocanhou um dos mamilos e sugou até ela ronronar de tanto prazer. De repente, ela se soltou e escorregou pelo corpo dele abaixo, curvando-se quando as mãos dele lhe acariciaram da base da espinha ao ponto sensível entre as omoplatas.
— Minha vez. — Um por um, ela foi abrindo os botões da camisa dele, largando beijinhos na pele firme. Ela então foi tirando a camisa pelos ombros, parando apenas ao alcançar os pulsos.
— Não — sussurrou ele com a voz rouca de excitação.
— Shh... — Ela lhe beijou os lábios graciosamente, e ele sentiu seu hálito doce na boca. Então ela puxou e a camisa foi ao chão.
Ela lhe beijou o queixo. Deslizou os lábios pela clavícula. Ele a segurou pela nuca e seus dedos lhe adentraram as madeixas pesadas que batiam nos ombros. As pontas dos cabelos lhe roçaram o peito enquanto ela passava os lábios no mamilo marrom e liso, parando só um pouquinho para brincar mais antes de prosseguir.
Lentamente, ela beijou o músculo rígido entre o pescoço e o ombro. Jarek esperou, prendendo a respiração. Nas pontas dos pés, ela deu a volta e foi para trás dele, largando um rastro de beijos levíssimos em ambas as extremidades dos ombros e na nuca.
As mãos de Sarah foram lhe subindo pelos braços, segurando-o com força enquanto ela apertava o peito contras as costas dele. Jarek grunhiu sentindo o doce prazer que lhe atingiu no ponto mais profundo de si. Fazia muito tempo que suas cicatrizes não sentiam outro toque além do toque do tecido das roupas que vestia. Com os lábios e os dedos, Sarah acariciou cada reentrância, deixando sua marca, afastando os demônios de vez.
Finalmente, Jarek não aguentou mais. Ele virou o corpo, colocou o braço debaixo das pernas dela e a levantou. Embalou-a novamente junto ao peito. Sua boca encontrou a dela em um longo e doce beijo que deixou a ambos sem fôlego.
Com uma gentileza da qual ela jamais imaginou que ele fosse capaz, ele a colocou no meio da cama. Ela se apoiou sobre um cotovelo, os olhos pesados de desejo, observando-o tirar a calça.
Sarah viu os músculos firmes que formavam seu físico. As coxas rijas, o peito bem esculpido. Mas foi o desejo naqueles olhos escuros que a fez levantar os braços.
Pouco depois, ele a apertou sobre o colchão, carimbando seu corpo contra o dela. Como ela acabara de fazer minutos antes.
Ele cavou fundo para encontrar uma ternura que não se permitia usar fazia muito tempo. Uma ternura que ela precisava sentir tanto quanto ele precisava dar.
Como se lendo seus pensamentos, Sarah abriu as pernas, encaixando-o no vértice úmido entre elas.
Um gemido grave brotou do fundo do peito de Jarek. O sub tom indicava uma emoção tamanha que ameaçava partir o coração dele. Sarah lhe puxou os cabelos, empurrando-lhe a boca para baixo, para sua boca.
— Vou fazer melhor, Jarek — sussurrou. — Juro.
Ele a beijou primeiro lentamente, deixando o desejo crescer até suas bocas se moverem juntas. Selvagens. Eróticas.
A mão de Jarek desceu, adentrando o triângulo entre as pernas. Ele sentiu o calor na palma da mão e então usou o polegar, fazendo movimentos circulares gentis até ela começar a balançar o corpo, querendo mais. Sarah começou a massagear os músculos tensos das costas dele, acarinhando a pele trêmula e suada até o desejo espetar a base da espinha de Jarek, e todos os nervos de seu corpo gritaram, pedindo libertação.
Ela tremeu debaixo dele. Sua respiração começou a ficar entrecortada enquanto lutava para controlar o maremoto que ameaçava derrubar o controle de ambos.
— Jarek — sussurrou ela, cravando os olhos agitados nos dele. — Não posso. Por favor.
Ele a adentrou de uma só vez. Depois ficou olhando o verde de seus olhos perdendo o foco para o prazer.
Seus movimentos se coadunaram e ele encontrou a ternura que temia encontrar: ela estava em cada investida fluente e macia.
Pela última vez o domínio da relação foi trocado novamente, mas agora nenhum dos dois estava dominando.
Mas não se importaram com isto. A liberdade compensava. Eles foram com tudo até o limite, explodindo sobre o controle. Agarrados um ao outro, caíram num abismo tranquilo... onde só existiam os dois.