— Como ousa? — Repetiu. — Que audácia
querer que o deseje! Deveria odiá-lo. E matá-lo.
Entretanto, se inclinou para frente e
implorou pelos lábios dele, mesmo com Ferran tentando empurrá-la para trás. Ele
passou um braço pelas suas costas e a prendeu pela nuca, enfiando os dedos em
seus cabelos e afastando sua boca.
— Por que faz isso, Samarah? — Disse
com voz rouca.
— Não sei mais o que fazer — retrucou-a.
— O que mais posso fazer?
— Deve fugir de mim, garotinha — explicou
ele com expressão séria.
Mas Samarah o modificara.... Não era
mais uma casca vazia. Algo despertara em seu íntimo.
Paixão.
Uma paixão que Samarah deveria temer,
mas que não temia. Não tinha medo dele.
— Não fujo — declarou ela encarando-o. —
Permaneço firme e enfrento todos os desafios. Pensei que já soubesse disso a
meu respeito.
— Deveria fugir desse desafio — insistiu
ele. — E se proteger de mim.
Ela quis se aproximar de novo, mas ele
a empurrou, pregando-a ao encontro da parede.
— Não me assusta, Ferran Bashar.
— No que diz respeito à sua família,
sou a própria morte. Se tivesse juízo, fugiria deste quarto, deste palácio, e
não usaria meu anel.
O coração dela parecia sair pela boca e
a dor a dominava. Não podia se afastar dele. Seria fácil se livrar de seus
braços se assim o desejasse. Um golpe bem dado o faria cair no chão, mas ela
não queria se libertar. Nem mesmo agora.
— Quer que eu fuja covarde? É você quem
tem medo? — Perguntou. — Eu sou uma grande tentação?
Ela acabava de cruzar o limite.
Os lábios dele esmagaram os seus, o
aperto em seus cabelos se intensificando. Não era um beijo agradável. Era para
assustá-la. Uma demonstração da paixão perigosa que Ferran sentia, entretanto,
Samarah não se assustou.
Ao contrário, correspondeu ao beijo,
incentivada por todas as emoções que a dominavam e pelo desejo que crescia em
seu íntimo desde que o revira. Desde o momento em que penetrara no palácio em
busca de vingança.
Desejara-o desde então, mas fora muito
inocente para perceber. O véu fora rasgado e agora enxergava. E o escudo com
que envolvera seu coração desaparecera.
Porque não podia mais odiar Ferran. Nem
mesmo com essa nova revelação sobre a morte de seu pai. Tudo que Samarah via
era o que ambos haviam perdido. Tudo que sentia era a dor de ter perdido o pai
que idealizara; o homem que fora um deus para ela se transformara em um monstro
que matara uma mulher indefesa. E a única coisa que conseguia fazer era deixar
que as emoções aflorassem.
Pelo menos um beijo era uma maneira de
agir.
Embora, agora que toda a paixão se
relevara intensa como um furacão, perguntava-se se os dois iriam sobreviver.
Ferran se afastou, erguendo os pulsos
de Samarah encostados na parede. Seus olhos escuros brilhavam.
— Por que não foge de mim?
— Porque tenho uma dívida a cobrar — respondeu
ela respirando com dificuldade. — Você roubou minha vida, e depois me deu isso —
murmurou se referindo ao desejo que sentia agora. — Nunca havia beijado um
homem porque só sentia desconfiança e receio deles. Precisava me resguardar
porque não tinha ninguém que me protegesse. Não podia pensar nem desejar nada
além de comer e beber. Então me deve isso, sheik. E vou ter você porque quero.
Você me deve isso, e pagará com seu corpo.
— Então deseja minha paixão, Samarah?
Depois de tudo que lhe revelei?
— E não tenho direito? Você despertou
meus instintos e agora exijo a satisfação.
Raiva, desejo, angústia se misturavam
no coração dela como tentáculos, formando um nó que tudo consumia exceto o
desejo cego e sombrio.
— Quer se satisfazer? — Perguntou ele
com a voz rouca e baixa, encostando os quadris aos dela, a ereção enorme ao
encontro do ventre de Samarah.
— Exijo isso — replicou ela.
Ele se inclinou para frente, o hálito
quente ao encontro do pescoço de Samarah, os lábios roçando sua orelha.
— Sabe o que está pedindo, pequena
víbora?
— Você — respondeu ela. — Dentro do meu
corpo. Está se fazendo de desentendido, mas não desrespeite minha vontade.
— Não, Samarah, você sempre parece
saber o que quer quando quer. — Isso não era inteiramente verdade, porque ela
demorara a perceber que o queria. — Porém, às vezes não quer o que é bom para
você.
— E quem sabe o que é bom ou mau para
si? — revidou ela.
— Creio que ninguém.
— Sempre estamos atrás de coisas que vão nos prejudicar. Doces demais, por exemplo. Vingança.
— Sexo — acrescentou Ferran.
— Sim, sexo — concordou Samarah.
— É isso que quer? O fim dos dezesseis
anos de meu celibato libertados dentro de você?
— É o que exijo — confirmou-a.
Ele a afastou da parede e a tomou nos
braços com um movimento rápido, carregando-a pelo quarto. Samarah apoiou a mão
em seu peito e sentiu o coração que pulsava depressa.
— Então terá o que deseja — disse ele,
colocando-a sobre o colchão e retirando a camisa pela cabeça. Seu físico era
perfeito. Lindo. Não era uma beleza refinada, refletiu Samarah. Ferran era
másculo, um tanto bruto e amedrontador, tão maravilhoso que a fazia sentir um
aperto no coração.
— Mas saiba de uma coisa, minha
querida, aqui suas ordens acabam. Daqui em diante você é minha. — Passou um
dedo por sua face, os olhos negros dentro dos dela. — Se assim quer, assim
será. Mas sob as minhas condições.
— Trata-se do pagamento que me é devido
— insistiu ela. — É só isso que quero.
— E é aí que se engana pequena
guerreira, porque serei eu o conquistador.
— E eu uma guerreira.
— Não mais me surpreende, porém no fim,
é o homem quem possui. Fuja de mim agora, se não quer ser dominada.
Samarah mal conseguia respirar ou
raciocinar. Mas não queria pensar nesse momento, e sim se focalizar no que
Ferran despertava em seu corpo. Porque a satisfação dos sentidos que desejava
obter superava qualquer raciocínio.
O desejo estava acima de tudo, e ela
não iria fugir.
Ele colocou as mãos no cós da calça e a
puxou para baixo. Samarah prendeu a respiração, a virgem hipnotizada ante a
visão do órgão sexual ereto.
Samarah podia não saber o que desejava,
mas seu corpo sim. Sentia a umidade entre as coxas.
— Deixe-me vê-la — pediu ele. — Estou
em desvantagem, pois já me viu sem roupa duas vezes, e eu só tenho vislumbres
de seu corpo.
Mas ela permaneceu sentada na cama,
fitando-o, se sentindo muito tonta para obedecer.
Ele se aproximou da cama estendendo as
mãos para frente do vestido com fechos e laços.
— Considere isso meu prêmio e pagamento — disse
Ferran. — Por tudo que me foi roubado. Pois não tornei a tocar em uma mulher
desde aquele dia fatídico, e o destino quis com justiça que você fosse aquela
que fizesse o desejo retornar em minha vida.
— Como disse, foi uma troca justa — replicou
ela. — E quem sabe no fim nenhum dos dois deva mais nada ao outro.
— Talvez — disse ele com voz rouca.
Abriu os fechos de metal na frente do
vestido e começou a afastar a seda com gestos lentos e deliberados. Os seios
dela estavam descobertos sob o tecido pesado. Samarah tinha seios pequenos e
isso os deixava eretos mesmo sem suporte.
Mas no momento ela desejava ter
colocado um sutiã diante do olhar quente de Ferran e do frio no quarto.
Ele afastou o vestido de seus ombros,
deixando-a apenas com a pantalona oriental e nada mais. Fitou seus seios com
admiração.
— É mesmo linda. Solte o cabelo para
mim.
Ela segurou a trança pela ponta e
retirou a presilha, passando os dedos pelos fios negros e deixando que caíssem
sobre os ombros até a cintura, enquanto algumas mechas cobriam seus seios.
— Está me provocando — murmurou ele,
absorvendo aos poucos a visão de seu corpo. — Quero ver tudo. Esperei demais.
Fique de pé.
Ela obedeceu porque agora estava louca
para receber instruções. Ali não era a especialista.
Apenas o instinto a guiava, e o
raciocínio não tinha vez nesse instante.
Ele se sentou na cama enquanto ela se
erguia, e puxou a pantalona para baixo junto com a calcinha, deixando-a
completamente nua. Ficou de joelhos no nível de suas coxas.
— Ferran...
Ele beijou uma das coxas, deslizou os
lábios para o quadril e depois para o centro de suas pernas, explorando lugares
que Samarah não supusera que os homens desejassem beijar.
— Quer que minha paixão lhe dê prazer,
Samarah? Então se submeta.
— Eu... Sim — murmurou ela.
— Não lute contra.
— Não lutarei.
— Não brigue contra o que nós dois
queremos. Sinto que quer escapar.
— Não — respondeu ela quase sem voz.
— Mentirosa — murmurou Ferran
explorando com a boca o interior de suas coxas. — Abra-se para mim.
Ela obedeceu, pois Ferran saberia como
agir. Era experiente e tinha razão ao dizer que se ela queria sua paixão
precisava aceitar tudo sem tentar controlar.
Ele se inclinou para frente, a língua
acariciando suas partes mais íntimas e mergulhando nas profundezas de seu
corpo.
— Ferran. — Ela o segurou pelos ombros
para manter o equilíbrio, as pernas bambas e o colchão oscilando sob seus pés.
Ele a firmou com as mãos, segurando seus quadris com força enquanto acelerava
as carícias cada vez mais profundas, aumentando a pressão e a rapidez sobre a
carne úmida.
O estômago de Samarah se contraiu, o
prazer aumentou e um desejo incessante a fazia prender a respiração. Cada músculo
em seu corpo retesava, e ela sentia que iria explodir a qualquer momento.
Ferran continuou enfiando um dedo
dentro de seu corpo, uma sensação totalmente nova para Samarah.
Ele estabeleceu um ritmo constante,
para dentro e para fora. Samarah mordeu a língua para não gritar ou se
desintegrar.
Tinha medo de se entregar
completamente. Pavor do que a satisfação do desejo traria a seguir.
— Se entregue, Samarah — murmurou ele. —
Sinta prazer.
— Não... Posso.
— Pode. — Ele acrescentou outro dedo no
interior de seu corpo sem parar de acariciá-la com os lábios. Seus dedos há
penetraram um pouco mais, causando uma ligeira dor.
— Tenho medo — confessou ela.
— Não precisa ter.
Sua língua e seus dedos continuavam a
trabalhar no ritmo contínuo até que Samarah não conseguiu mais resistir; o
clímax a envolveu como um maremoto, apenas Ferran a mantinha de pé segurando
seus quadris, e ela confiou que não a deixaria cair.
Depois ele a fez deitar na cama,
beijando-a na boca de modo profundo e longo. Seu órgão rijo pressionava seu
quadril, evidenciando que ele lhe dera prazer, mas que ainda nada recebera em
troca.
Evidência também de que gostara de
satisfazê-la. Um calor de puro orgulho feminino a possuiu. Ferran sentira
prazer ao lhe dar prazer. E a desejava apesar de ter aconselhado que fugisse.
Samarah não sabia por que isso a fazia
se sentir tão poderosa. Não queria escapar depois do clímax, queria ficar.
Desejava mais, pois não tinha vergonha do que Ferran a fizera sentir.
Porque ele sentira também.
Ela entreabriu as pernas sentindo a
ponta da ereção junto à entrada de seu corpo.
— Tentei prepará-la — sussurrou ele —,
mas mesmo assim, vai doer.
— Não tenho medo da dor, Ferran — respondeu
ela deslizando as mãos pelas suas costas e sentindo os músculos rijos. — Não
tenho medo de você.
— Não quero machucá-la.
— Mas será preciso, por isso não se
preocupe. Por favor, Ferran, eu quero você.
Então ele começou a penetrá-la devagar
e com cuidado, até preenchê-la. Foi dolorido, porém não tanto quanto Samarah
esperara. Era apenas uma dor misturada à excitação da novidade maravilhosa. Uma
dor que fazia bem.
Ele começou a se afastar, e Samarah
fechou os joelhos em seu torso, impedindo-o e encontrando seus olhos.
— Não pare Ferran.
— Não vou parar — prometeu ele,
arremessando-se de novo dentro dela com força e determinação.
Ela se ajustou à pressão, e o viu de
olhos fechados, as veias no pescoço salientes, o queixo cerrado.
Ferran parecia estar sofrendo. Ela o
beijou na face e um som cavernoso saiu de seus pulmões.
— Não dê para trás agora — pediu
Samara.
— Não quero machucá-la — disse ele
beijando-a com violência e deixando-a sem ar.
— Não está me machucando.
Ferran pareceu considerar essas
palavras como uma permissão. Começou a se mover dento dela de início devagar
para depois acelerar.
O ritmo foi aumentando, enquanto ele
respirava cada vez com maior dificuldade. Ela ergueu as pernas e circundou a
cintura dele, seguindo o ritmo. Ferran apoiou uma mão sobre o colchão e a outra
na cabeça de Samarah, puxando-a para si, os movimentos cada vez mais
frenéticos.
Seus olhos se encontraram e ela viu que
Ferran perdia o controle, o suor banhava sua fronte e seus dentes estavam
cerrados.
Vendo-o naquele estado, tão belo e
másculo, também se deixou levar. Com uma última estocada ele a conduziu ao auge
da paixão, fazendo-a gritar de prazer e delírio.
Um som baixo e rouco escapou dos lábios
dele, e Ferran se imobilizou sobre Samarah, alcançando o clímax também.